Cada cabeça, uma sentença


É comum ouvir que o filho é o reflexo do pai, e também comum ver a "herança" dos pais nas características dos seus filhos. É motivo de orgulho para todo pai ter um filho que seja exemplo de integridade, fé e obediência. Como mãe, algumas ações de meus filhos me fazem lembrar como eu era e agia, mas isso não significa que serão os "netinhos" de Deus porque sou filha dEle!

Não temos um manual de criação de filhos, não possuímos um "tutorial", pelo contrário, aprendemos a criar enquanto criamos. Aprendemos com os acertos, aprendemos com os erros, aprendemos com os filhos alheios, e tentamos colocar em prática todo conselho dado pelos pais mais experientes. Procuramos nos espelhar em pessoas que embora sendo "comuns" têm algo diferente quando estão em família. Pessoas que demonstram cumplicidade, amor, perdão, alegria e respeito.

Não podemos escolher por nossos filhos, e isso é o que mais nos deixa "desesperados". Achamos que sabemos o que é melhor para eles, mas não temos poder de decidir o caminho que irão seguir. Nossa missão é entregá-los nas mãos do Pai, e esperar o agir dEle na vida de nossos filhos.

Uma coisa é certa: suas ações e modo de viver pouco influenciarão nas decisões. É impressionante como a rebelião se desenvolve na vida dos filhos independente da vida espiritual de seus pais. Talvez porque achamos que o "exemplo fala mais alto" ou " está na igreja, está tudo bem". Nossa luta é constante e diariamente precisamos entregar nossos filhos a Deus, pedindo a Ele que encontre morada no coração deles.

Nossa luta contra o mundo é dura. Quando os nossos filhos estão em casa assistindo TV, estão sob a influência da ideologia mundana e contemporânea, e nas escolas, estão recebendo informações que na maioria das vezes é contrária aos mandamentos de Deus. Se não conversarmos com eles todos os dias, se não mostrarmos na Palavra de Deus o que é o pecado, se não soubermos as dúvidas deles ou os anseios deles jamais ganharemos essa luta.

A experiência é pessoal. Todos nós iremos prestar contas a Deus , mas cada cabeça, uma sentença. 

Há um filho que, apesar dos desvarios do pai, se tornou um exemplo. Ele não desobedeceu ao seu pai, pelo contrário, abriu mão de uma grande amizade porque seu pai não tolerava o amigo.

Jônatas, filho do rei Saul e amigo de Davi. Um jovem que sabia que a mão do Senhor era com Davi, mas nem por isso abandonou seu pai. O que é lindo nessa história, é que Jônatas morreu ao lado de seu pai, lutando as mesmas guerras e obedecendo àquele que era autoridade em sua vida.

Não se pode tirar conclusões sobre o tipo de educação que foi dada a esse jovem, não se pode definir suas atitudes porque o que temos sobre ele é muito pouco.

Em outro lugar e em outra época, um outro filho vivia sua vida em oposição a autoridade paterna, Absalão, filho de Davi. Jovem que, em rebelião, tomou o trono de seu pai. Uma tristeza! A Bíblia diz que Absalão roubou o coração do povo e assim conseguiu o que queria. 

Há quem afirme que foi uma falha no caráter de Davi que resultou em uma atitude de desobediência de Absalão, mas e a atitude de fidelidade de Jônatas? O rei Saul também não era um bom exemplo de caráter...

A que conclusões podemos chegar? Devemos olhar para as atitudes dos filhos e esquecer  a educação dada pelos pais?

Não saberia dizer... Mas uma coisa é certa: tanto Jônatas quanto Absalão tiveram oportunidades para decidir o que fazer. Assim foi também com Caim...

E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
Gênesis 4:6,7
Na verdade não importa muito o ambiente em que vivemos, não importam as experiências (difíceis) pelas quais passamos, mas o que vale é como nós iremos agir a partir do que aconteceu. O que aprendemos com as experiências passadas irão ajudar nas nossas decisões de hoje, mas elas não podem se sobrepor fazendo de nós vítimas incapazes de tomar decisões, agindo apenas por instinto ou qualquer outra coisa. A Bíblia nos mostra em Gênesis que Deus foi ao encontro de Caim e o alertou sobre seu pecado, ainda que ele se sentisse injustiçado, deveria fazer o que era certo e não permitir que o desejo maligno o dominasse.

Se você é pai ou mãe e não se sinta culpado por atitudes de seus filhos, a cada pessoa Deus deu a escolha. Ainda que haja exemplo, os filhos podem decepcionar os pais. Isto não significa que vai abandoná-los. Por outro lado, filhos que tiveram péssimos exemplos, podem se tornar referência no futuro. Não depende de nós! Depende de cada um!

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