Perder para reconstruir



A zona de conforto é o lugar que todos querem ficar. Ter o mínimo e acostumar-se com a situação, mesmo que precária ou difícil,  são atitudes "normais" para aquele que não quer mudanças. Essas pessoas não percebem que é na dificuldade que coisas novas são criadas. É no momento de escassez que surge algo, é no deserto que encontramos saída para muitas situações.

O apego a determinado trabalho ou mesmo qualquer coisa não só prejudica como também impede o crescimento. A perda é ruim, mas faz parte da vida ! Perdemos emprego, bens e pessoas ao longo da nossa caminhada, mas jamais poderemos perder a oportunidade de transformar a crise em alguma criação.

Um grande teólogo diz que crise vem de acrisolar, purificar, Quando passamos pelas crises da vida, tudo o que é agregado ou mesmo acidental e vão desaparece e o que fica é o cerne, o verdadeiro e a partir do cerne há possibilidade de reconstrução.

Talvez precisemos enxergar o cerne e nos purificarmos de tudo o que é vão, para assim buscar outras saídas e recomeçar!

Deixo aqui uma parábola da Vaquinha que ilustra muito bem o que pretendi dizer aqui!

Um mestre passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer-lhe uma breve visita. Durante o percurso, ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também, com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sítio, constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeira, os moradores – um casal e três filhos – vestidos com roupas rasgadas e sujas. Então, aproximou-se do senhor e perguntou-lhe:

– Neste lugar, não há sinais de pontos de comércio e de trabalho. Como a sua família sobrevive aqui?

O senhor respondeu:

– Nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite. Uma parte do produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por comida e a outra produzimos queijo e coalhada para o nosso consumo, e assim vamos sobrevivendo. O sábio agradeceu, se despediu e foi embora.

No meio do caminho, voltou ao seu discípulo e ordenou-lhe:

– Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e jogue-a.

O jovem arregalou os olhos e questionou o mestre sobre o fato de a vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família; mas, como percebeu o silêncio do seu mestre, cumpriu a ordem: empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.

Anos depois, ele resolveu largar tudo e voltar àquele lugar, pedir perdão e ajudar a família. Quando se aproximou, do local avistou um sítio bonito, com árvores floridas, carro na garagem e crianças brincando no jardim. Ficou desesperado, imaginando que a família tivera de vender o sítio para sobreviver. Chegando lá, foi recebido por um caseiro simpático, a quem perguntou sobre as pessoas que ali moravam.

Ele respondeu:

– Continuam aqui.

Espantado, entrou correndo casa adentro e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):

– Como o senhor melhorou o lugar e agora está bem?

O senhor, entusiasmado, respondeu: – Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daí em diante, tivemos de fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos e, assim, alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora.


Deus abençoe você e sua casa

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